segunda-feira, junho 17, 2013

Escola ensina alunos para a lida no campo


Escola ensina alunos para a lida no campo

São José do Cerrito, 08 e 09/06/2013, Correio Lageano, por Adecir Morais



Estudantes intercalam aulas práticas em teóricas no curso de técnico agrícola, preparando-se para o mercado de trabalho



O Cedup Caetano Costa, em São José do Cerrito, conhecido também como Escola Agrícola, na Serra, é referência na qualificação de jovens para o trabalho no campo. Os alunos saem do curso preparados para atuar na agricultura e, muitas vezes, empregados.




Localizada a 25 quilômetros de Lages, a escola conta com 210 alunos, dentre eles, 25 meninas, matriculados pelo sistema de internato e semi-internato. No local, cuidam de horta, pomar, animais, tudo de maneira profissional. Ao final do curso, saem capacitados para trabalhar em qualquer setor do campo.



O perfil dos estudantes é parecido. A maioria vive no meio rural, ajudando a família na lida do campo, e querem se profissionalizar para aplicar os conhecimentos nas propriedades. Mas também há alunos da cidade, que encaram o curso como uma forma de aprender uma profissão e seguir carreira na área.



O curso é integral e tem duração de três anos e meio, incluindo seis meses de estágio curricular em empresas do ramo credenciadas. A escola recebe principalmente alunos de cidades catarinenses e gaúchas. A maioria é filho de pequenos produtores rurais.



Os estudantes aprendem conteúdos do ensino médio e do técnico. A teoria é, claro, é aplicada em sala de aula. Já no campo, eles colocam em prática as técnicas agrícolas duas vezes por semana. Lidam com os animais, tiram leite, cuidam de hortas, dentre outras atividades.


80% dos alunos seguem carreira na área



De acordo com a assistente técnica pedagógica da instituição, Márcia Franzoi Zapeline, o curso tem como principal objetivo formar profissionais que conheçam as atividades de produção vegetal, animal, agroindustrial e paisagística para atender às necessidades do mercado dos diversos segmentos da cadeia produtiva do agronegócio.




“Os estudantes são capacitados para atuar nas empresas do ramo agropecuária e também para se tornarem um empreendedor em sua propriedade de origem”, explica ela.
Segundo Márcia, a escola tem como missão promover o ensino técnico e profissionalizante, visando à formação do cidadão para o mundo do trabalho. Reafirma que a maioria dos alunos encara o curso como uma porta de entrada ao ramo agropecuário.



“O perfil de nossos estudantes é voltado basicamente à agropecuária. Quem não se prepara para o ramo, opta por fazer curso superior de veterinária, agronomia ou zootecnia. Apenas 20% dos estudantes mudam de área depois que se formam”, declara.
Ela afirma que quem faz o curso sai pronto para o mercado de trabalho, e a maioria já fica empregado na empresa onde realizou o estágio.



Procura por vagas é grande



Para entrar no curso, o aluno precisa passar por um teste de seleção, uma vez que a procura é sempre maior que o número de vagas. Podem se matricular alunos que concluíram o ensino fundamental em qualquer escola.



As inscrições estão abertas e seguem até o final de novembro “Infelizmente, não podemos atender a todos os interessados. Só podemos receber a quantia de alunos que saem”, diz Márcia Zapeline, salientado que a unidade está completando 73 anos neste mês de junho.



Segundo ela, se houver desitência no primeiro mês, são chamados os alunos que ficaram de fora, de acordo com a ordem de classificação. Embora seja aberto para todos os estudantes, a direção procura inserir aquele que gosta do campo e que realmente vai aproveitar o curso. Vários critérios são analisados.



Rigor na disciplina é uma das marcas da escola



De acordo com Márcia Zapeline, o rigor na disciplina na escola é diferenciada. Todos os alunos vivem em alojamentos e precisam ter um bom comportamento. Em caso de descumprimento das regras, pode ser expulso da instituição. “A qualidade do ensino aqui está cada vez melhor”, assinala.



Uma das consquistas da escola foi obtida ano passado, quando o Cedup garantiu o primeiro lugar no Estado na avaliação do Conselho de Educação Agrícola (Conea). Os alunos do 3° ano realizaram uma prova de competência e conhecimento e  conquitaram a média 6.14, a melhor de Santa Catarina.



O aluno Luan da Cruz Bastos acertou 51 questões e foi o melhor colocado de Santa Catarina. A avaliação é realizada há pelo menos 10 anos, entre as 13 escolas agrícolas do Estado, entre unidades estaduais, federais e particulares.



Curso atrai  interesse de jovens até das cidades



A maioria dos estudantes quer seguir carreira área agropecuária




Além de alunos do meio rural, curso de técnico agrícola do Cedup Caetano Costa, em São José do Cerrito, na Serra Catarinense, também atrai jovens da cidade. É o caso da Nátali Zaparoli, de 15 anos, estudante do segundo ano, que mora em Lages. Ela, assim como os demais estudantes do meio urbano, mostram que lidar no campo não é apenas para filhos de produtores rurais.



“Eu adoro animais e quero fazer uma faculdade de veterinária”, diz ela, enquanto ajudava a vacinar um bezerro recém-nascido em uma das mangueiras da escola. Usando bota de borracha no meio da lama e do esterco do gado, ele mostrava habilidade para lidar com o animal.



A jovem diz que, apesar de não morar no campo, tem parentes que vivem no interior, e que isso a influenciou para procurar o curso de técnico agrícola. Para o colega de turma da jovem, Pedro Otávio, de 16 anos, que reside em Otacílio Costa, o conhecimento que está adquirindo irá abrir portas para novas oportunidades. Sem titubear, afirma que está com a escolha definida. “Quero ser engenheiro agrônomo”, afirma ele.




Quem também trocou o ambiente urbano pelo curso de agropecuária foi Mateus de Liz Souza Cruz, de 15 anos. Nascido em Ponte Alta do Norte, na região do Planalto Norte, diz que, depois de terminar o curso, quer fazer faculdade de engenharia florestal.
“Gosto de trabalhar com lavoura e análise de solo”,  ressalta o estudante, que está no 2º ano. Ele diz que foi com o tio que despertou para a trabalhar no campo. O tio tem propriedade rural no interior de seu município de origem.



Os colegas de sala Osvaldo Xavier Schons, de 16 anos; e Thiago Alexander (15), também encaram o curso com seriedade. Morador de Campo Belo do Sul, na Serra, o primeiro diz que gosta mais de lidar com o gado. “Meu pai é produtor de gado corte e quero me qualificar para ajudá-lo”, pontua.



Nascido na localidade e Pinheiro Ralo, em São José do Cerrito, Thiago também gosta de mexer com gado. “Gosto de lidar com o manejo dos animais, além de hortas e canteiros”, explica.




O Cedup é autossuficiente na produção de alimentos, ou seja, consegue manter-se com o que é produzido no local, como produtos agrícolas e carne. O excedente é vendido para os funcionários e alunos da escola.



Professor não largou suas origens



O Cedup tem uma área de 170 hectares, com lavouras de milho, dentre outros produtos agrícolas; produção de hortigranjeiros, criação de gado de corte e de leite, suínos, ovinos, pequenos animais, dentre outros. Conta com 20 professores, 45 servidores, dentre outros servidores administrativos.



A maioria dos professores, segundo a direção, formou-se na escola e hoje atua na área na própria unidade. É o caso Telmo Lima dos Santos, de 45 anos, professor de olericultura, que se formou em 1994. “Eu sempre gostei da área agrícola. Passei no concurso público e hoje estou feliz por estar aqui”, diz ele, que é natural de Correia Pinto, mas que mora em São José do Cerrito.



Para se dar bem na área, ele recomenda que o aluno deve gostar do que está fazendo. “O incentivo tem que vir casa, mas sempre estou falando a eles para que estudem e busquem ficar em sua comunidade de origem, aplicando os conhecimentos que adquiriram no curso”.



Santos reafirma que o aluno que passa pelo colégio agrícola pode atuar na área animal, vegetal, hortaliças, cultura de frutas, como a maçã, na área topográfica, dentre outras. “Ou seja, oferecemos uma leque grande de opções. O aluno que saiu daqui, campo de trabalho não vai faltar”, afirma.



Alem do mercado regional, o professor diz que, com a expansão do agronegócio no Brasil, faltam profissionais para trabalhar na área.  “Temos alunos daqui que estão indo embora para trabalhar no Mato Grosso”.




Ele finaliza alertando que  os meios de produção do setor agrícola está mudando rápido, e quem não buscar conhecimento pode ficar de fora do mercado. “Tem coisas que se faz hoje, e amanhã já é passado. Por isso, o conhecimento é importante”.



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